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Curiosidades trentinas

O ritmo na batida dos pés

Estudos indicam que o Sapateado (Schuhplattler, batida dos pés em alemão) é talvez a mais antiga forma de dança ainda praticada na Europa. Suas origens remontam ao período Neolítico (3.000 a.C.), onde a execução de sapateado nas danças dos ilíricos e celtas possuía um valor religioso. Na antigüidade, os romanos já registravam os celtas com seus chapéus pontudos e enfeitados com penas em suas festas religiosas e populares.

A representação do Deus Mercúrio entre os celtas romanizados era em trajes de camponês. Ao lado, um achado arqueológico romano de Carnuntum d Século I d.C., que retrata a figura de um celta. Observa-se na figura o chapéu característico, adornado com penas, chapéu parecido com o atual de três pontas usado no Trentino e nas vizinhas regiões alpinas.

Com a chegada das tribos germânicas (alamanos, longobardos, jutos e baiuvares), que se estabeleceram na região alpina da Gália, o sapateado continuou sendo praticado e recebeu algumas contribuições culturais. Antes, já os povos romanizados do norte da Itália receberam influências desta forma de dançar em suas manifestações folclóricas; em alguns locais do norte italiano (Lombardia, Aosta e Piemonte) existem ainda hoje alguns resquícios de sapateado. Gravuras e pinturas datadas do primeiro século já retratam a prática do sapateado entre os camponeses alpinos, em suas festas e comemorações.

A forma de execução do sapateado como hoje o conhecemos remonta à Idade Média, modificando-se pouco desde então. Existe um livreto manuscrito datado de 1030 d.C., preservado num mosteiro beneditino próximo ao lago Tegern em Chiemgau, na Baviera, com uma descrição em latim sobre o Schuhplattler. Nessa época, o sentido religioso das festas pagãs já não mais imperava na execução, mas sim a prática com objetivos de destreza e conquista, onde os rapazes dançavam exibindo sua dança para suas companheiras, num exemplo claro de manifestação folclórica popular e não mais religiosa. As manifestações que outrora possuíam valor religioso foram incorporadas às festas cristãs e sofreram algumas alterações, na execução e nos ritmos utilizados para dançar.

Originalmente, os ritmos que marcavam os passos do sapateado eram o antigo Landler (do qual a valsa se origina) e a marcha. Na Idade Média, o sapateado foi dançado ao som de flautas, gaitas de fole, cítaras, saltérios, tambores e rabecas; posteriormente, com o surgimento e aperfeiçoamento de instrumentos (como os metais e o acordeão), o sapateado ganhou mais possibilidades rítmicas e praticamente não sofreu modificações quanto à sua forma de execução.

Inicialmente dançado apenas por homens, o Schuhplattler contou depois com a participação feminina, o que deu ao folclore um caráter muito mais festivo e harmonioso, além de transformar o antigo sentido ritual do sapateado para o de festa e galanteio entre os camponeses.

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