Circolo Trentino di São Paulo Circolo Trentino di São Paulo

Curiosidades trentinas

Carnaval: uma festa popularizada em Trento  

A história do Carnaval é bem mais antiga do que se imagina. Estima-se ter seu inicio há cerca de 6.000 anos atrás no Egito Antigo, em honra da deusa Isis: as primeiras celebrações eram de agricultores em volta das fogueiras, com danças e música. Do contato entre a cultura egípcia e grega, a cultura helena recebeu influências egípcias que evoluíram seus rituais, acrescidos da bebida e do sexo nos cultos ao deus Dionísio (em Roma chamado Baco), o deus do vinho, onde eram usadas máscaras nas conhecidas celebrações dionisíacas. Na Roma Antiga, os bacanais, saturnais e lupercálias festejavam os deuses Baco, Saturno e Pã.  

Posteriormente, com a cristianização da Europa, os cristãos trataram de acabar com os cultos pagãos. Com a criação das dioceses, muitas das festas populares mantiveram-se mesmo com a proibição da Igreja; como não foram extintas, foram cristianizadas e recebeu o nome de carnaval pelo fato de se poder comer carne antes da Quaresma (carne vale > carnevale > carnaval). Durante a Idade Média e Renascença o carnaval era festejado com banquetes, onde as pessoas também usavam máscaras.  

Vale lembrar que o Papa Paulo II contribuiu para a sua evolução ao introduzir o baile de máscaras, quando permitiu que em frente ao seu palácio se realizasse o carnaval romano. Essa tradição ficou muito conhecida pelo Carnaval de Veneza, mas existe em boa parte da Europa. Como a Igreja bania os “atos pecaminosos”, aos olhos do povo a festa fugia das reais origens como o festejo pela alegria e pelas conquistas. Em 1545, durante o Concílio de Trento, o carnaval voltou a ser uma festa popular. Nos Alpes se encontram alguns dos mais antigos costumes da festa.  

No Trentino existem diversos sentidos para o carnaval, cada um com suas características e personagens próprios. Em Palù (Val Fersina), os personagens do carnaval de Val dei Mòcheni são o velho e a velha (bècio e bècia), e o oiertrógar, que visitam as casas da aldeia ordenando as tortas e recolhendo informações do testamento com suas máscaras pretas numa festa que dura dois dias. No dia seguinte percorrem o mesmo itinerário realizando uma peça teatral na praça central da cidade, com a leitura dos testamentos (humorizado), a semeação augural e danças. Ao anoitecer queimam a corcunda do velho e os testamentos.  

Em Bagolino-Ponte Càffaro , município de fronteiras com Brescia e Trento, existem os Balarì, que acompanhados pelos Sunadùr (violinos e viola baixa) realizam danças cerimoniais carnavalescas, e os Mascher , dançarinos em roupas muito coloridas, com máscaras que lembram as do carnaval de Veneza. Nos vales ladinos existem os Marascóns , de Val di Fassa.  

A religiosidade popular conseguiu unir as antigas festas pagãs celtas e romanas com a fé Cristã. O Brasil é conhecido como o "país do carnaval" e, como bons brasileiros, devemos conhecer um pouco sobre essa festa que contagia pessoas de diversas partes do mundo.  

(DANIEL LANGHI / EVERTON ALTMAYER)  

> veja outras curiosidades