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Curiosidades trentinas

Dos campos para a corte

Dança de origem européia, a Valsa é um ritmo evoluído a partir do Ländler (chamado na região tirolesa Landler). O antigo ritmo se originou provavelmente na França e se popularizou no sul da Alemanha e Áustria. Na região alpina, o Landler é ainda o ritmo tradicional de alguns estados e províncias como o Tirol (incluindo Trentino-Südtirol) e demais estados austríacos, Baviera (Alemanha) e Boêmia (República Tcheca). A origem da palavra “valsa” vem do alemão Waltzen, que significa “dar voltas”. A valsa se desenvolveu nos salões nobres de Viena, onde se consagrou com seu ritmo alegre e envolvente e logo caiu nos gostos populares, sendo posteriormente incorporada ao folclore.

Originalmente era dançada como uma das figuras da contradança (lembrando a Jiga do século XVI), com braços entrelaçados ao nível da cintura, e tornou-se um ritmo e uma dança independentes, com contato mais próximo entre os parceiros. O ritmo caracteriza-se pelo compasso ternário da música (com três andamentos: rápido, moderado e lento), pelos passos em que os pés deslizam pelo chão e pelos giros dos pares.

A valsa como a conhecemos surgiu entre 1770 e 1780 e, inicialmente, chocou a sociedade tradicional pelo fato dos casais manterem maior contato físico – diferentemente das danças da corte da época. Em 1815, com a derrota de Napoleão Bonaparte, aconteceu na Áustria o Congresso de Viena, uma reunião internacional entre políticos e nobres para restabelecer o equilíbrio europeu. Sigimund Neukomm, músico austríaco, encarregado da parte musical deste encontro, introduziu a valsa (o Ländler mais compassado) entre as músicas, passando então a fazer parte do repertório musical dos palácios e tornando-se uma das danças mais apreciadas no mundo ocidental.

A valsa chegou ao Brasil trazida pela corte portuguesa. Em 1816, Neukomm veio ensinar harmonia e composição ao príncipe Dom Pedro I. Em seus arquivos constam referências sobre as primeiras valsas compostas no país, de autoria do futuro primeiro Imperador do Brasil. Apesar de agradar a nobreza brasileira, a valsa logo se difundiu por todas as classes sociais, e fez sucesso não só na música erudita, mas também na popular e folclórica. Foi a dança de salão preferida da alta sociedade brasileira, até a chegada da Polca, em 1845.

Muito dançada no repertório nobre (mas também camponês), as valsas passaram a ser peças musicais indispensáveis nas festas das cortes dos grandes reis e imperadores austríacos. Foram compostas a partir de então lindas e suaves melodias. Quem consagrou a Valsa foi, sem dúvida, o grande compositor austríaco Johann Strauss.

No Trentino, a valsa é parte integrante e importante do repertório musical tradicional, com destaque para a manutenção do Landler, ali também chamado stiriàna, em referência ao estado austríaco de Steiermark (Stiria), cujo repertório folclórico influenciou boa parte da área alpina tirolesa. Teve destaque no início do século XX o compositor popular Pier Tomaso Scaramuzza, oriundo de Val di Non (Nonsberg), com melodias cantadas em dialeto trentino (nonês).

Por: Daniel Langhi – Diretor da Juventude Trentina e Everton Altmayer – Diretor Cultural do CTSP

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